Resenha de Raya e o Último Dragão

Raya é o novo filme da Disney, lançado no dia 4 de março de 2021 no Disney+ necessitando que você pague uma taxa extra para assistir.
Ou faça como um bom pirata e dê seus pulos.
Diante dessa empresa e considerando que o trailer optou por usar cenas do filme que não são do meu humor pessoal eu cheguei no filme com uma PÉSSIMA predisposição. Eu cheguei criticando a primeira linha do texto.
O filme começa com a Raya num cenário distópico falando que está numa distopia, e que é culpa dela. (Isso não é spoiler porque é a primeira fala do filme)
E temos a cena do monólogo a descrição do mundo. Feito num estilo de animação que parecem marionetes. Aí eu já estava irritada, que o filme estava se explicando muito que pipipi popopo…

Cortando para um flashback em que o gimmick do plot acontece, e seguindo daí para o resto do filme.
Eu tenho que admitir que esse filme me pegou de surpresa.
Toda a proposta do filme é sobre mostrar como a desunião traz monstros, e que você precisa confiar nos outros para ter uma união, mesmo que isso seja muito difícil de fazer.
Todo o personagem da Raya é embasado nessa premissa, e o arco dela é muito bem apresentado no filme. A Raya é uma Princesa forte, mas não é perfeita e isso é algo que a Disney tinha errado bastante até agora.
O discurso final dela dá luz para a mensagem do filme de forma clara, mas que eu me sentiria inteligente de ter entendido, se eu fosse uma criança.
O mote do filme é literalmente a União traz a Força, mas fez colocando os dramas pessoais dos personagens. O que deixava o drama das cenas ser bem estabelecido. Então a resolução do arco da Raya coincidiu com o que o filme precisava. Isso é muito bom de ver em filmes, principalmente em filmes para criança.
Todas as promessas que o filme te faz, ele cumpre. Quase todos os set ups tiveram pay-offs e todos os pay offs tiveram set ups. A Namaari e a Raya tinham o potencial de ser o primeiro power couple lésbico da Disney e isso seria incrível. Mas alas, isso não acontecerá tão cedo. Lésbicas ASIÁTICAS? hahahaha.
Pelos trailers a personagem que eu achei que eu iria odiar era a Sisu. No trailer ela é um dragão meio mendigo e meio hippie e meio qualquer coisa, e inocente. Mas o filme mostra que não é isso. A Sisu escolheu a gentileza. E mesmo quando ela é gentileza se prova uma má escolha, ela ainda acredita que confiar nas pessoas é o certo. Esse é o poder dela.
Os demais personagens de suporte, Tong, Capitão Boun, Pequena Noi e Tuk Tuk são melhor estabelecidos do que eu esperava também. Porque o gimmick do plot é uma tragédia que afetou a todos. Então a união que eles apresentam é o que leva a Raya a crescer como personagem.

Agora.

A trilha sonora é boa, e não é musical. O que é ÓTIMO. O tom desse filme seria arruinado por músicas.
O final é ideal, de um jeito Disney. Então está tudo bem. E não tem nada fora do que já havia sido semeado antes.
A animação…
Hm.
A animação.
Eu vi o filme em inglês e foi estranhamente interessante ver que o lip sync não estava perfeito. Estava muito bom, mas não perfeito. As expressões faciais estavam impecáveis, mas os lábios nem sempre batiam perfeitamente com o que era dito. O que eu na verdade prefiro. Deixar mais tranquilo faz com que as dublagens em outras línguas fique mais tranquila também.
Uma coisa que aconteceu nesse lip sync também foi que as vezes as vozes estavam falando a frase de uma forma meio séria, e o gesto era mais exagerado. O que é algo que eu achei… uma mistura de bom e ruim? Eu acho que não deu lá muito certo no tom desse filme. Mas é algo que eu acho que precisa ser mais utilizado. São filmes de animação, não é para o movimento dos personagens ser realista. Eu acho que logo eles pegam a mão desses gestos exagerados. Porque animações precisam disso.
A animação em específico da Sisu ficou muito boa. A forma humana dela é uma graça e temos vários estereótipos de lésbicas nesse filme.
Infelizmente, até o final, a escolha do design da Sisu me deixou incomodada. É o Dragão Elsa. Se o olho tivesse outro formato ou se o focinho não fosse tão My Little Pony: Friendship is Magic talvez eu não ficasse tão incomodada. Em momentos com a animação estilizada ou flashbacks, o design estava melhor. Mas mesmo amando a personagem, eu não superei o Dragão Elsa.

E por fim, sobre uma princesa do Sul da Ásia. No começo do filme chamam a Raya de Princess of Heart e ela tem até um companheiro animal com ela. Dublada em inglês pela Kelly Marie Tran que é de família vietnamita, os produtores colocaram muitas iconografias de países diferentes do sudeste asiático. Eu não tenho conhecimento o suficiente para dizer o que foi representado ou se está ou não correto. O que eu tenho a dizer é que eu gostei de ver esses cenários que claramente não eram medievais europeus
.
Raya se passa num mundo mágico com tribos diferentes embasadas em culturas diferentes. Parecido com Avatar a Lenda de Aang. Eu não acho que a Disney tivesse a pretensão de fazer uma representatividade real. Então eu fiquei muito feliz de ver que houve sim um respeito visível a diferentes povos, que não estavam sendo representados, mas cuja inspiração ficou visível. A estética ficou muito boa.
Porém, espero ler comentários de pessoas que são dessas regiões para ver o que elas acham.
Então é isso pessoal. Eu gostei desse filme. Ele tem um roteiro sólido, personagens sólidos e interessantes. Um humor que eu não ligo muito, mas nada que vá datar esse filme em 2021. E algumas partes do roteiro foram óbvias, mas algumas também foram surpreendentes.

Obrigada por lerem!

Essa matéria foi escrita por:
Hita Aisaka

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