De Minecraft a Mario maker – Como engajar uma comunidade de criadores

Jogos que foram inicialmente criados com uma experiência linear explodiram por causa de sua comunidade de criadores. Afinal, como criar faz com que jogos tenham uma vida independente do esforço de seu desenvolvedor?

Antigamente, nos jogos de computador, modificações em grandes títulos eram não apenas comuns, mas também muito bem vistas pelos jogadores que utilizavam a plataforma, sendo elas feitas pelos próprios desenvolvedores, como Counter Strike surgindo do Half Life, ou produzidas pelo corpo de jogadores fiéis e assíduos aos jogos, como o Defense Of The Ancients (DOTA) surgindo diretamente do gameplay de Warcraft III, até mesmo usando os mesmos heróis!

É incrível ver o quão longe chegamos desde DOTA

Esses mesmos exemplos, com o tempo, se tornaram mais jogados e mais famosos do que os títulos que deram luz ao seu jogo. Por muito tempo, lan houses explodiram com partidas de de_dust e com rápidas partidas de DOTA entre, as vezes, uma lan house inteira. O conteúdo criado a partir de algo sólido e com uma boa base de fãs era por muitas vezes bem visto e buscados!

Atualmente, nós temos novos exemplos que não saem do feed de jogos eletrônicos do youtube com algo em comum: Minecraft, Mario Maker, Fortnite – todos eles tem um modo criativo – e acho que é seguro dizer que parte do sucesso deles (salvo talvez Fortnite, que é um gigante por sí mesmo antes desse modo ter sido implementado) vem diretamente da popularidade dos modos de comunidade e do esforço dos jogadores em criarem conteúdo, além é claro da facilidade que eles propõem para que criemos nossos próprios conteúdos e que os outros interessados cheguem até eles.

Mas por quê os jogos criativos são tão populares? Por qual motivo que, mesmo sendo difícil, a comunidade de mods vem de muito tempo atrás e continuam não só relevantes como muitas vezes mais relevante do que a comunidade pouco engajada de cada jogo por si só?

Aí entramos em um assunto bem maneiro sobre algo fundamental da mente humana: Criatividade

Quem já foi mestre de RPG sabe o quanto é envolvente a criação de um mundo, de uma história, até mesmo de um dungeon. Saber que aquilo que você criou pode afetar outros, acrescentar algo em suas vidas ou até mesmo fazer ser lembrado, é algo que pode motivar todo tipo de ação, seja ela artística, como criar uma música, pintar um quadro ou criar um novo prato, como também, porque não, criar um modo de entretenimento para si e para os outros.

A mente humana é criativa por natureza, foi assim que conseguimos utilizar armas que nos defenderam de animais muito maiores do que nós em tempos antigos. Foi da criatividade que surgiu a arquitetura, a programação, as vestimentas e até mesmo a agricultura. Essa mesma criatividade é um dos maiores drives que um jogador pode ter dentro de um jogo, afinal de contas, é algo que mantém jogadores de RPG jogando por meses e até anos na mesma mesa.

 

Quem não tem aquele mundo homebrew que se tornou xodó?

É claro que a criação pela criação pode ser o bastante para um público específico, que se satisfaz em criar algo para si mesmo. Mas esses jogos fizeram algo maior do que isso, criando toda uma comunidade em volta das mentes que colocam esforços para trazer algo de inovador para o jogo, muitas vezes mudando o rumo em que os desenvolvedores imaginaram para aquele jogo ou até mesmo criando “sub jogos” dentro dos próprios jogos. Tais novos modos as vezes são até incorporados dentro dos produtos principais dos desenvolvedores, com todo o cuidado de game design e de produção de algo novo, como aconteceu com o Dota Underlords e o Team Fight Tactics.

É possível ver o envolvimento das comunidades de forma geral em todos os jogos, mas o fenômeno de conteúdo modificado dentro ou fora do que era esperado pelos desenvolvedores tem ficado cada vez mais fortes e acho que podemos dizer com certa clareza que deixar o jogador ser o próprio criador, pode dar muito certo 😉

Essa matéria foi escrita por:
Gabriel Pelussi

Deixe um comentário